A semana quente no planeta

A semana que passou foi agitada. Digo isso porque presumo que o leitor não seja um marciano recém-chegado ao planeta. Sobre os movimentos que aconteceram (e ainda acontecem) no Brasil, fico particularmente feliz que as mobilizações de rua tenham voltado. Esse tipo de manifestação estava hibernando, mas parece que abriu os olhos.

No mundo, destaco três tópicos: Turquia, Síria e Irã.

Na Turquia, após um lampejo de melhora de situação, a violência voltou a reinar em Istambul e Ancara. Os manifestantes foram expulsos de Praça Taksim pelas forças de segurança do premiê Recep Erdogan. Na madrugada desta segunda, mais de 500 pessoas foram detidas.

Pelo menos o líder político se comprometeu em suspender as obras no Parque Gezi até que um tribunal julgue a validade das construções. Em mais de duas semanas de protestos foram registrados quatro mortos e mais de 4 mil feridos.

Mesmo que construa aquilo que quer, Erdogan perdeu força entre os turcos. Sua agenda conservadora não agrada a muitos, que estão nas ruas para mostrar isso.

Síria

O quadro realmente ficou escuro no país que vive numa guerra civil desde 2011. Os EUA anunciaram que Bashar al-Assad “ultrapassou a linha vermelha” ao usar armas químicas contra seu próprio povo e irão armar os rebeldes. Apenas não se sabe com que tipo de equipamentos. Os insurgentes querem algo grande, do tipo mísseis antiaéreos, mas Washington reluta.

A Rússia, fiadora de Assad, já criticou duramente a posição de Obama e deu a entender que continuará a entrega de armas aos governistas. Um novo confronto indireto entre EUA e Rússia, quem diria…

Irã

Foi com surpresa e certo alívio que a imprensa internacional noticiou a vitória de Hassan Rowhani, o único moderado na disputa presidencial do Irã, ainda no primeiro turno.

Os mais familiarizados com a política iraniana sabem que quem dá as cartas é o líder máximo Ali Khamenei (inclusive na questão nuclear), mas o Executivo tem certa liberdade para ditar uma agenda no exterior (ponto fraco dos anos Ahmadinejad) e na área econômica (também em frangalhos).

Rowhani era o negociador nuclear do país até 2005. A partir daquele ano, Teerã teve que conviver com Mahmoud no comando. A população não vai se esquecer dos equívocos na economia. O Irã hoje tem inflação de 30% e desemprego de 14%.

O desafio do novo presidente é gigante. Precisa colocar a nação para funcionar novamente e abrir diálogo com o Ocidente para resolver o impasse nuclear. Além disso, terá que escutar “conselhos” do líder máximo Ali Khamenei. Dura tarefa.

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