O Nobel da Paz à Opaq foi justo?

A Organização para a Destruição de Armas Químicas (Opaq) ganhou o Nobel da Paz na semana passada. Essa premiação vem causando polêmica nos últimos anos – Obama levou em 2009 e a União Europeia, no ano passado. Foram prêmios justos? A Opaq deveria vencer?

Obama não acabou com as guerras americanas como prometeu, não fechou a prisão do horror de Guantánamo e ainda pratica a espionagem do tipo mais sujo.

Já a UE deve ter vencido pela sua história de integração e bem-estar social até a década de 90, pois depois desse período tudo o que é relacionado aos direitos humanos (principalmente no caso de imigrantes africanos e do Leste Europeu) é uma verdadeira tragédia no Velho Mundo.

E a Opaq? Cometeu deslizes também?

A organização (fundada em 1997) está encarregada de supervisionar a destruição do arsenal químico da Síria. A guerra civil no país já matou mais de 100 mil pessoas desde 2011. É a tragédia do século XXI.

A Opaq é ligada à ONU e tem um orçamento bastante modesto – 100 milhões de dólares – para o tipo de atividade que faz. Daí a importância da ajuda financeira da comunidade internacional.

O presidente da entidade, Ahmet Uzumcu, disse que 80% dos arsenais sob a fiscalização da organização foram destruídos. Isso sem incluir a Síria.

Pequena curiosidade: um tratado de1992 previa a eliminação total das armas químicas do planeta. Quais nações que prometeram destruir seus arsenais do gênero até 2012? EUA e Rússia. Curiosamente os principais envolvidos na crise síria. E, também curiosamente, não cumpriram sua palavra quanto ao acordo de 1992.

Pequena curiosidade 2: o brasileiro José Maurício Bustani foi o primeiro presidente da Opaq, entre 1997 e 2002. Bustani, hoje embaixador na França, foi demitido em abril de 2002 após uma polêmica votação entre os membros da organização. O diplomata propôs um trabalho de cooperação com o governo de Saddam Hussein na questão das armas químicas. Queria evitar uma guerra. Essa estratégia, ao que parece, foi um “obstáculo” aos planos americanos, que no ano seguinte invadiram o Iraque e nada encontraram de ilegal na área de armamentos. Apenas afundaram no atoleiro de Bagdá e região.

Deixe um comentário